Figuras sintáticas.

Aliteração

Aliteração é uma figura de linguagem que consiste em repetir sons de sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas. A aliteração é largamente utilizada em poesias mas também pode ser empregada em prosas, especialmente em frases curtas.

Descrição

Quando usada sabiamente, a aliteração ajuda a valorizar musicalmente o texto literário. Mas não se trata de simples sonoridades destituídas de conteúdo. Geralmente, a aliteração sublinha (ou introduz) determinados valores expressivos, nem sempre facilmente descritíveis.
Exemplo:

Cquote1.svg

Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.

Cquote2.svg

Fernando Pessoa

Esta estrofe de Fernando Pessoa é um exemplo soberbo do uso expressivo da aliteração. Na realidade, estamos, não perante uma aliteração, mas face a um complexo onde podemos facilmente identificar
  • aliteração do L
  • aliteração do D
  • aliteração do B
  • aliteração do V
Neste caso, a acumulação aliterativa cria um efeito musical intenso que leva-nos a colocar num plano secundário o conteúdo. No entanto, em condições normais a aliteração põe em evidência as palavras afectadas e, portanto, sublinha o seu valor expressivo. Por vezes, permite mesmo estabelecer associações pouco evidentes entre palavras. Frequentemente a aliteração aparece associada à assonância (neste exemplo,i/in e a/an).

Analepse

Analepse (termo mais utilizado em literatura), flash-back, flashback, cutback ou switchback (termos mais utilizados no cinema) é a interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente. É, portanto,
uma forma de anacronia ou seja, uma mudança de plano temporal. Os Lusíadas, de Camões, como começam "a meio da acção" (in media res), farão, depois, uso da analepse para que sejam referidos acontecimentos prévios. No cinema, o flashback é um recurso típico de vários géneros cinematográficos, sendo frequente nos filmes policiais e nos clássicos do filme negro norte-americano: por exemplo, em Out of the Past, de Jacques Tourneur, onde o passado, essencial para a compreensão da acção, é apresentado numa longa sequência que justifica o título original do filme (Fora do Passado, em tradução literal).
O termo 'flash-back' também é designado em linguagem radiofônica, como um gênero de música mais antiga. Normalmente êxitos do passado, com diferença de anos. Quando a música é relativamente antiga, com poucos anos, é chamada de mid-back.


Anacoluto

Anacoluto, ou frase quebrada, é uma figura de linguagem que, segundo a retórica clássica, consiste numa irregularidade e na regularidade automatica muito expressiva ou seja é uma metafora desequilibrada ( eu fui a roça) gramatical na estrutura de uma frase, como se começássemos uma frase e houvesse uma mudança de rumo no pensamento - por exemplo, através do desrespeito das regras de concordância verbal ou da sintaxe. Muito frequente na oralidade, onde poderá ser apenas considerado como um erro de construção frásica, num texto escrito dá a sensação de espontaneidade. Na frase de Almeida Garrett, "Eu, também me parece que as leio, mas vou sempre dizendo que não", o termo "eu" é posto em destaque, desligado dos outros elementos sintáticos - no resto da frase, através de uma elipse (o "eu" passa a estar apenas subentendido). Da mesma forma, em "a minha roupa, levo-a sempre àquela lavandaria", frase típica do discurso oral, o termo "a minha roupa" aparece desligada do resto da frase, onde é substituído por um pronome. Muitos autores actuais, contudo, já não classificam estes exemplos como sendo anacolutos porque consideram que não são resultado de qualquer inconsistência sintática, mas apenas um recurso de ênfase. Segundo estes mesmos autores, existe anacoluto quando se forma uma frase incompleta, com parte do enunciado suspenso. Por exemplo: "Não me digas que..." - frase em que se omite o final, atenuando algo que convém não dizer alto e explicitamente, por diversas razões, permitindo uma infinidade de significados para a frase, ainda que o seu sentido seja facilmente apreendido pelo receptor, se estiver devidamente contextualizado.
É um recurso de retórica frequente nos autores que utilizam o fluxo de consciência, como James Joyce. É também muito utilizado por Guimarães Rosa, como forma de retratar a fala coloquial típica dos moradores do sertão.
Quebra da estrutura sintática da frase pela inserção de um termo solto ou pela mudança abrupta de uma determinada construção sintática.
Exemplo: "O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto" (Carlos Drummond de Andrade).

Anadiplose

Anadiplose é a figura de linguagem que consiste na repetição da última palavra ou expressão de uma oração ou frase no início da seguinte, com intenção de realce.
Exemplo: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados."; "Pede-se aos senhores a aplicação da justiça. Justiça que outra coisa não é senão a razão do Direito."

Anáfora

Em retórica, anáfora é a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras no princípio de frases ou versos consecutivos. É uma figura de linguagem comuníssima nos quadrinhos populares, música e literatura em geral, especialmente na poesia.

Exemplos

Nem tudo que ronca é porco,

Nem tudo que berra é bode,

Nem tudo que reluz é ouro,

Nem tudo que se fala se pode.


"Não cos manjares novos e esquisitos,

Não cos passeios mole e ociosos

Não cos vários deleites e infinitos..." (Luz, 6,96)


Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer. (Camões)


Ilha cheia de graça

Ilha cheia de pássaros

Ilha cheia de luz

Ilha verde onde havia

mulheres morenas e nuas" (Cassiano Ricardo)


Será que ela vem me ver?

Será que ela me deixa viver?

Será que posso esquecê-la?


Vi uma estrela tão alta,

Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo

Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!

Era uma estrela tão fria!

Era uma estrela sozinha

Luzindo no fim do dia. (Manoel Bandeira)

Outros usos

Em publicidade e no cinema, também se pode chamar anáfora à repetição de imagens (por exemplo, para dar a noção da sucessão de dia após dia, ou de rotina, pode-se repetir a mesma cena diversas vezes - como alguém a levantar-se da cama, podendo-se usar, para este efeito, exactamente a mesma sequência de imagens). Tal recurso é extensamente utilizado no filme Requiem for a Dream.

Assíndeto

Assíndeto é uma figura de estilo que consiste na omissão das conjunções ou conectivos (em geral, conjunções copulativas), resultando no uso de orações justapostas ou orações coordenadas assindéticas, separadas por vírgulas. É uma figura de sintaxe, por omissão, tal como a elipse e o zeugma. Por exemplo, em Os Lusíadas, de Camões, podemos ler: "Fere, mata, derriba denodado...". Outro bom exemplo, que mostra a eficácia deste recurso retórico ao transmitir a ideia de insistência energética, rapidez e força aparece no Cântico Negro de José Régio: "Tendes jardins, tendes canteiros,/Tendes pátrias, tendes tectos", ainda que no verso seguinte, seja substituído por uma anáfora: "E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... ", em que a conjução copulativa volta a aparecer, mas no mesmo contexto rítmico.
  • "Assim, sequências de palavras desligadas, bem como a repetição constante de palavras e orações são condenadas, e com muita razão, no discurso escrito; mas não no discurso oral - os oradores usam-nas livremente, pelo seu efeito dramático. Nesta repetição deve existir diversidade de tons, como se abrisse caminho a esse efeito dramático. Por exemplo: 'Este é o vilão que de entre vós vos enganou, vos defraudou, que vos traiu por completo.'" - note-se que neste exemplo, dado por Aristóteles, se faz, também, uso da gradação.
  • "Soltei a pena, Moisés dobrou o jornal, Pimentel roeu as unhas" (Graciliano Ramos)
  • Peguei o exercício, levei-o para casa, li, reli, voltei à escola, briguei com a professora, fui à direção, reclamei a falta de conectivo.

Assonância

Assonância é uma figura de linguagem que consiste em repetir sons de vogais em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas. A assonância é largamente utilizada em poesias mas também pode ser empregada em prosas, especialmente em frases curtas.

Exemplos

Anule aliterações aliteralmente abusivas

— manual de redação humorístico (assonância em A)

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras

— Cruz e Sousa (assonância em A)

João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento

— Carlos Drummond de Andrade (assonância em O)

A mágica presença das estrelas!

— Mario Quintana (assonância em A)

Circunlóquio

Circunlóquio é uma figura de linguagem que consiste em um discurso pouco direto, onde o escritor foge do ponto principal pelo abuso de expressões, que estende demasiadamente algo que pode ser dito em poucas palavras.
Exemplos:
  • "Manter um alto grau de atividade..." (Em vez de "trabalhar bastante")
  • "Grupos de idêntica natureza..." (Em vez de "grupos iguais")
  • "Estamos trabalhando para que haja consenso entre os estudantes" (Em vez de "Queremos um consenso")

Clímax (figura de estilo)

A figura de estilo conhecida como clímax, ou gradação ascendente, consiste na apresentação de uma sequência de ideias em andamento crescente. Há, contudo, autores que consideram que clímax ou gradação são o mesmo (incluindo, neste caso, também a gradação descendente, também designada por alguns autores como anticlímax).
Um exemplo é dado neste excerto de Cecília Meireles:
:"Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
:eu era amor. Só isso encontro.
:Caminho, navego, vôo,
:sempre amor (...)"
Ou mesmo nesta passagem bíblica de Paulo de Tarso na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 13, versículo 7:
  • "[O Amor] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
ou, mesmo, o final desta famosa passagem (versículo 13):
  • "Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança, o Amor, estes três; mas o maior destes é o Amor".

Clímax também é a marca da primeira geladeira fabricada no Brasil pela Indústria Pereira Lopes, na cidade de São Carlos. Em 1948, iniciou a produção de refrigeradores com a marca Clímax. Em 1968, a razão social mudou para Pereira Lopes IBESA Ind. E Comércio S/A. Em 1983, a razão mudou para Clímax Indústria e Comércio. Em 1993, a Refrigeração Paraná S/A – REFRIPAR – adquiriu 92% do Capital Social da Clímax que, a esta época, fabricava produtos com as marcas White-Westinghouse, Sanyo, além da própria marca Clímax. A participação de mercado da Clímax, sozinha, alcançou expressivos 20%, líder absoluta de vendas e preferência do público brasileiro. Em julho de 94, a razão social da empresa passou a ser Refrigeração Paraná S/A, e todos os produtos passaram a ser comercializados com a marca Prosdócimo. Em Março de 1997, a Electrolux, maior fabricante mundial de eletrodomésticos, adquiriu a totalidade das do capital da Refrigeração Paraná. A planta S.Carlos fabricava refrigeradores, lavadoras de roupa e aparelhos de ar-condicionado.

Diácope

Diácope é uma figura de linguagem que consiste na repetição da mesma palavra em semelhante com outra de permeio.
Exemplos:
  • "Tu só tu, puro amor..." (Lus,3,119)

Dargo o valente dargo, a quem na guerra ninguém nunca jamais não viu as costas." (Garrett)

Eco (figura de linguagem)

Eco é uma figura de linguagem que consiste na terminação de duas ou mais palavras de um texto serem as mesmas. É considerado uma rima.

Exemplos

  • Aluno repetente, repete alegremente.
  • Faço tudo eficazmente, alegremente e calmamente.
  • Pedro, pedreiro, penseiro, esperando o trem.
Observação: No terceiro exemplo há uma Aliteração, porém é considerado também um eco pela terminação das palavras "pedreiro" e "penseiro".

Epístrofe

Epístrofe é uma figura de linguagem que consiste na repetição da mesma palavra ou expressões no final de cada oração ou verso.
Exemplo 1: No mundo, as idéias são perigosas. Na vida, as vontades são perigosas.
Exemplo 2: A vida era incerta. A emoção, incerta. A culpa, incerta. A morte, certa.

Epizêuxis

A epizeuxe é uma figura de linguagem na qual a mesma palavra é repetida duas ou mais vezes seguidas sem outra de permeio. Relaciona-se, portanto, com a diácope. Para comparar, consulte também o verbete "diácope".
Por exemplo:
  • "Marília, Marília, és a estrela da manhã."
  • "Amigo, amigo, por favor não vá embora."
  • "eu queria conhecer a minha mãe, mãe, mãe. Não a minha madrasta!"

Hiato (figura de linguagem)

Hiato é uma figura de linguagem que consiste no encontro entre dois fonemas iguais. Não confundir com o hiato comum.

Diferenças da figura de linguagem para o hiato comum

A figura de linguagem é o encontro entre dois (ou mais) fonemas iguais, o hiato comum é o encontro entre duas vogais.

Exemplos de hiato

  • "Um ou outro."
  • "Camélia amou a Augusto."
  • "A alma de teu ente querido está no céu."
  • "Precisamos de Jabuticaba, babá e água"

Hipérbato

Hipérbato (do grego hyperbaton, que ultrapassa) também conhecido como inversão, é uma figura de linguagem que consiste na troca da ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes e seus determinantes.

Exemplos

1. "Aquela triste e leda madrugada" (Luís Vaz de Camões)

2. "Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero." (Fernando Pessoa)

3. "Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores" (Osório Duque Estrada, em Hino Nacional Brasileiro)

4. "Não é que o meu o teu sangue / Sangue de maior primor." (Alexandre Herculano)

5. Dança, à noite, o casal de apaixonados no clube.

6. Aves, desisti de as ter!

7. Das minhas coisas cuido eu!

Idiotismo

Idiotismo é um vício ou figura de linguagem que consiste em traduzir, literalmente, expressão ou termo que, em português, não faz sentido ou se demonstra, gramatical e sintaticamente, errada. Nesses casos, o indicado é adotar tradução livre.
É um tipo de estrangeirismo e, da mesma forma que o barbarismo, pode definir-se pela origem do termo. Assim, um idiotismo advindo de termo ou expressão inglês é um anglicismo; de termo ou expressão francês, um galicismo; de um termo ou expressão alemão, um germanismo e assim por diante.

Exemplos

Anglicismos

  • I am going to call himEu estou indo para chamá-lo (em vez de, por exemplo, "Eu vou chamá-lo")
  • It is raining cats and dogsEstão chovendo cães e gatos (em vez de, por exemplo, "Está chovendo canivete")
  • Até à vistaUntil the sight (em vez de, por exemplo, "See you")
  • Entre (imperativo do verbo entrar)between (em vez de, por exemplo, "Come' in")
  • Filho-da-mãeSon of the mother (em vez de, por exemplo, "Son of a bitch")

Galicismos

  • Poser un lapinColocar um coelho (em vez de, por exemplo, "dar o bolo" ou "não comparecer a um compromisso")
  • Ça va? - Aquilo vai? (em vez de, por exemplo "Tu estás bem?/Você está bem?)

Paranomásia
Paranomásia ou paronomásia uma figura estilística que consiste no emprego de palavras parônimas (com sonoridade semelhante) numa mesma frase, fenômeno que é popularmente conhecido como trocadilho.
Os trocadilhos constituem um dos recursos retóricos mais utilizados em discursos humorísticos e publicitários. Resulta sempre da semelhança fonética ou sintática de dois enunciados cuja conjunção, comparação ou subentendido (enunciado elíptico, não referido directamente) cria um efeito inesperado, intencional ou não, aproveitando a sonoridade similar e o efeito de surpresa sobre o ouvinte ou o leitor da junção de significados díspares num mesmo contexto. Os trocadilhos mais frequentes são cacofonias em que uma determinada palavra é pronunciada de forma a parecer outra, geralmente com intenção humorística, maliciosa, obscena e/ou grosseira.

Exemplos

Berro pelo aterro pelo desterro
berro por seu berro pelo seu erro
quero que você ganhe que você me apanhe
sou o seu bezerro gritando mamãe.

Caetano Veloso

  • "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre António Vieira)
  • "Exportar é o que importa"' (Delfim Netto)
  • "Com os preços praticados em planos de saúde, uma simples fatura em decorrência de uma fratura pode acabar com a nossa fartura" (Max Nunes)
  • George Gamov, ao conceber um trabalho sobre Cosmogonia, junto a Ralph Alpher, intitulou Teoria Alpher-Bethe-Gamov. Gamov adicionou o nome de Hans Bethe (que não participara da concepção do trabalho) para fazer um trocadilho com as três primeiras letras do alfabeto grego, alfa, beta e gama.
  • As têmporas da maçã, as têmporas da hortelã, as têmporas da romã, as têmporas do tempo, o tempo temporã. (Murilo Mendes)
  • Melancolias, mercadorias espreitam-me. (Carlos Drummond de Andrade)
Outros exemplos incluem provérbios ("quem casa, quer casa") e expressões de uso corrente, como traduttore, traditori ("tradutor, traidor"). O termo é ainda usado para designar a semelhança entre duas palavras, de línguas diferentes, mas com a mesma etimologia.

Pleonasmo

Pleonasmo pode ser tanto uma figura de linguagem quanto um vício de linguagem. O pleonasmo é uma redundância (proposital ou não) em uma expressão, enfatizando-a.

Pleonasmo literário

Também denominado pleonasmo de reforço, estilístico ou semântico, trata-se do uso do pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar algo em um texto. Grandes autores usam muito deste recurso. Nos seus textos os pleonasmos não são considerados vícios de linguagem, e sim pleonasmos literários.

Pleonasmo vicioso

Trata-se da repetição inútil e desnecessária de algum termo ou idéia na frase. Essa não é uma figura de linguagem, e sim um vício de linguagem.

Exemplos

Pleonasmos literários

"Iam vinte anos desde aquele dia
Quando com os olhos eu quis ver de perto
Quanto em visão com os da saudade via."

(Alberto de Oliveira)

"Morrerás morte vil na mão de um forte."
(Gonçalves Dias)

"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal"

(Fernando Pessoa)

"O cadáver de um defunto morto que já faleceu"
(Roberto Gómez Bolaños)

"E rir meu riso"
(Vinícius de Moraes)


Pleonasmo musical

"Vamos fugir para outro lugar"
(Gilberto Gil)

"De jeito maneira, não quero dinheiro"
(Tim Maia)

"Eu nasci há 10 mil anos atrás"
(Raul Seixas)

Pleonasmos viciosos

"Amanhecer o dia."
"Almirante da Marinha."
"Cursar um curso."
"Monopólio exclusivo."
"Opinião individual de cada um."
"plebiscito popular ."
"encarar cara a cara."
"Viver a vida."
"Abismo sem fundo."
"Anexar junto."
"Ganhar grátis."
"Escolha opcional."
"Retornar de novo."
"Repetir de novo."
"Goteira no teto."
"Virar pro lado"
"Países do mundo."
"Duas metades iguais."
"Demente mental."
"Sorriso nos lábios."
"Bilateral entre os dois."
"Multidão de pessoas."
"Acabamento final."
"Elo de ligação."
"Comparecer pessoalmente."
"Entrar para dentro."
"Sair para fora."
"Roubar objeto alheio"
"Essa história é baseada em fatos reais"
"Eu já curei uma multidão de pessoas"
"Encarar de frente"
"Gritar alto "
"Hemorragia de sangue"
"Subir pra cima"
"A viúva do finado"
"Descer pra baixo"
"Jantar de Noite"
"Caos Caótico"
"Maresia do mar"
"Pó de café seco"
"Farinha de trigo branca"
"Introduzir dentro"
"Cochichar baixinho"
"Deu uma bica com o pé direito"
"Surpresa Inesperada"
"Maluco da Cabeça"
"Cego dos Olhos"
"Andar com os próprios pés"
"Encare de Frente"
"Desencadeou em cadeia"
" Encostar as Costas"

Dicas

Qualquer Substantivo Coletivo específico é um pleonasmo. É bom lembrar que há dois tipos de substantivos coletivos: o específico e o genérico.
Ex: Cardume de peixe, Enxame de abelha, Multidão de pessoas. O correto seria cardume(substantivo coletivo de peixes), enxame (substantivo coletivo de abelhas), multidão(substantivo coletivo de pessoas).


Polissíndeto

Polissíndeto é o emprego repetitivo da conjunção entre as orações de um periodo ou entre os termos de oração.
Um exemplo pode encontrar-se neste excerto de Sá de Miranda:

"Tudo é seco e mudo e de mestura

Também mudando eu fiz outras cores".

Outro exemplo de Carlos Drummond de Andrade

"E sob as ondas ritmadas

e sob as nuvens e os ventos

e sob as pontes e sob o sarcasmo

e sob a gosma e sob o vômito"

Outro exemplo de Euclides da Cunha: "seis mil mannlichers e seis mil sabres; e o golpear de doze mil braços, e o acalcanhar de doze mil coturnos; e seis mil revólveres; e vinte canhões, e milhares de granadas [...] e os degolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de canhoneio contínuo; e o esmagamento das ruínas..." (em Os Sertões).
Outro exemplo de Olavo Bilac:

"Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!"

com calma sem sofrer

outro exemplo:

"E eu morrendo! E eu morrendo!

Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo

Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,

A delícia da vida! A delícia da vida!"

Prolepse

Prolepse, do grego prólepsis "ação de tomar antes", figura também conhecida como antecipação, é uma figura de sintaxe onde ocorre o deslocamento de um termo de uma oração para outra que a precede, com o que adquire excepcional valor. Ao contrário de Analepse, a prolepse é um recurso narrativo através do qual se pode descrever o futuro; um acto futuro; prever o futuro, etc. Aparece em Os Lusíadas, no plano da história de Portugal.
O livro "Cem anos de solidão" de Gabriel Garcia Marques abre com prolepse analéptica, isto é, o que o narrador conta são, na verdade, recordações. Por analepse ele 'volta' ao tempo para antecipar, por prolepse, o acontecimento narrado.
Exemplos:
Os pastores parece que vivem no fim do mundo.(Ferreira de Castro)
- O próprio ministro dizem não gostou do ato.(Machado de Assis)


Silepse

Silepse é uma figura de construção que trata da concordância que acontece não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. É também chamada de concordância irregular. O termo silepse vem do grego e significa “ato de compreender”, “compreensão”.

Etimologia

A palavra silepse vem do grego e significa ato de compreender, “compreensão”. É uma figura de construção. Trata-se da concordância que acontece não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. É também chamada de concordância irregular.
Há três tipos de silepse:

Silepse de pessoa

Todos nesta sala somos gaúchos. Nesta frase, o verbo somos não concorda com o sujeito claro Todos, que é da 3ª pessoa, portanto, a concordância "normal" seria Todos nesta sala são gaúchos. O verbo concorda com a idéia nele implícita. O falante se inclui entre os gaúchos.
Para entender melhor este tipo de concordância, é preciso recordar uma regra que diz: Quando o sujeito for composto de pessoas diferentes (eu, tu, ele), do qual faça parte o EU, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural. Exemplo: Tu, ele e eu fomos ao cinema ontem.
Logo, no exemplo acima, a idéia subentendida é o EU, que representa a pessoa que fala.

Silepse de número

O gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta.
O verbo fugir – fogem – não concorda com o sujeito o gaúcho, e sim com o que ele representa: os gaúchos.
Observação: Estamos ciente. Nesta frase, o sujeito é da primeira pessoa do plural (nós) e o predicativo é usado no singular, porque se trata de uma pessoa. É o que se chama de “plural de modéstia”. Em vez de o verbo ser empregado na 1ª pessoa do singular, é usado na 1ª pessoa do plural. Muito empregado por escritores e oradores, principalmente políticos, para evitar o tom individualista no discurso, expressando uma fala coletiva.

Silepse de gênero

Porto Alegre é linda. Vista daqui parece um jardim.
Nesse caso, os adjetivos linda e vista não concordam com o substantivo Porto Alegre, mas com a palavra cidade. Este tipo de silepse ocorre principalmente com:
Pronomes de tratamento: Vossa Senhoria foi taxativo em seu discurso.
Subentende-se neste exemplo que a pessoa representada pelo pronome Vossa Senhoria é do sexo masculino.
Com nomes de cidades: São Paulo está muito poluída.
O adjetivo poluída concorda com cidade, que está subentendida.
Com a expressão “a gente”: A gente é novo ainda.
O adjetivo novo não concorda com a gente, levando a entender que o falante é do sexo masculino.
A silepse é muito empregada na linguagem coloquial, mas grandes escritores também a utilizaram em suas obras. Eis alguns exemplos:
“Sobre a tristeOuro Preto o ouro dos astros chove.” – Olavo Bilac “Nuvens baixas e grossas ocultavam Ilhéus, vista dali em mar grande e livre.” – Adonias Filho. “A certa altura, a gente tem que estar cansado.” – Fernando Pessoa “Corria gente de todos os lados, e gritavam.” – Mário Barreto “O casal de patos nada disse, pois a voz das ipecas é só um sopro. Mas espadanaram, ruflaram e voaram embora.” – Guimarães Rosa. “Aliás todos os sertanejossomos assim.” – Raquel de Queirós “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” – Carlos Drummond de Andrade “Dizem que os cariocassomos pouco dados aos jardins públicos” – Macahdo de Assis “Esta gente já terá vindo? Parece que não. Saíram há um bom pedaço” - Machado de Assis “E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.” - Paulo Setubal
Obs: desgastada pelo uso, a silepse não representa recurso expressivo da língua portuguesa, pelo menos no Brasil.

Sínquise

Sínquise, do grego sýgchysis "confusão", "mistura", na língua portuguesa, é o nome da figura de linguagem em que os termos da oração são transpostos de forma violenta, produzindo confusão artística das palavras.Geralmente esse efeito é conseguido usando-se simultaneamente hipérbatos, anacolutos, e outras figuras de repetição ou omissão, dificultando o entendimento do enunciado em uma primeira leitura.
Exemplo:

Cquote1.svg

A grita se levanta ao céu, da gente.

Cquote2.svg

Camões

Uma forma mais direta seria: "A grita da gente se levanta ao céu".

Solecismo

Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma.

Exemplos

  • Eles é Brasileiro. (Eles são Brasileiros)
  • Aqueles dia eu fui ao restaurante. (Aqueles dias eu fui ao restaurante)
  • Vou no banheiro. (Vou ao banheiro)
  • Eles são neurótico. (Eles são neuróticos)
  • Haviam seis meses que não via a minha mãe. (Faz seis meses que não vejo a minha mãe)
Observação: O Solecismo é por vezes classificado como um vício de linguagem.

0 comentários:

Enviar um comentário

Insane e SØNINHØ Corporation Inc. Com tecnologia do Blogger.